Para os leitores órfãos de Colapso
"Quando terminamos de empilhar os corpos, paramos diante do monte de carcaças e, em silêncio, admiramos o resultado de nosso trabalho."
Em 2022 eu assinei contrato com a Darkside, e em dezembro daquele ano fiz minha estreia com uma pequena participação na já tradicional coleção de natal. Como Colapso ainda não havia saído e meu editor me pedira para escrever algo que dialogasse com o universo do meu livro a ser publicado, escrevi um conto chamado A última vez, sobre um trio vivenciando aquilo que chamavam de seu último natal. O conto é narrado por uma jovem chamada Tay. Ela, seu irmão e sua cunhada queimam uma pilha de corpos enquanto a narradora faz algumas reflexões sobre o mundo como ela o conhece. O conto se passa longe dos eventos de Colapso tanto no tempo quanto no espaço, cerca de 20 anos após o Marco Zero (cerca de 20 anos antes de Colapso, portanto).
Era uma brincadeira: eu queria que os leitores que ainda não tinham lido Colapso não entendessem lá grande coisa, e os que já tinham lido reencontrassem ali um pouco mais daquele universo. É engraçado pensar, por exemplo, que enquanto Tay faz sua breve narrativa, em outros lugares do país transitam personagens que ainda estarão vivos e aparecerão em Colapso 20 anos depois (o que estariam fazendo?).
O caso é que, a julgar pelo Skoob, A última vez não teve lá uma grande recepção (ele foi publicado, lembrem-se, um ano antes de Colapso), mas eu tenho esperanças de que o tempo lhe faça alguma justiça, mínima que seja. Além disso (e eu sei que minha opinião pouco importa, como vocês que leram a publicação anterior também sabem), eu gosto da Tay. Gosto mesmo. Talvez um dia eu descubra que fim ela levou.
O conto, para quem tiver curiosidade, encontra-se disponível gratuitamente aqui.