O tempo, a vida, as redes sociais, e a vontade avassaladora de raduanassar
Divagações que talvez façam algum sentido ou talvez, o que é melhor, não façam sentido algum... e tá tudo bem.
A casa onde morei até os 5 anos. Éramos 9 pessoas e dormíamos uns por cima dos outros, como uma ninhada de gatos.
Vou confessar uma coisa a vocês: às vezes eu tenho uma tremenda vontade de cair fora de absolutamente todas as redes sociais. Todas.
E digo mais: eu tenho certeza de que vocês também se sentem assim de vez em quando. Sentem, não sentem? Eu sei que sim.
Mas eu não me limitaria a isso. Pra ser franco, se dependesse exclusivamente de vontade, eu enfiaria todos as pessoas que amo numa máquina do tempo rumo aos anos 80 e ficaríamos por lá mesmo até mais ou menos 2002, quando voltaríamos todos, pelo menos os sobreviventes, aos anos 80 outra vez.
Eu sei o que vocês estão pensando.
Uma parte pensa: “ai meu deus do céu, lá vem mais um texto nostálgico de um quarentão inadaptado”; e a outra, talvez se identificando, algo como “é, Denser, eu também. Eu também…”
O segundo grupo não precisa de explicações, mas ao primeiro eu diria que quando Raul Seixas cantou “ei, anos oitenta, charrete que perdeu o condutor” ele talvez não fizesse ideia do quão preciso e visionário estava sendo. Nem de longe.
Eu nasci em 1985, na fronteira entre o fim da Geração X e início da Millenial, mas nunca tratei minha geração nesses termos. Acho que são termos vagos e que não dizem nada, e como tenho o hábito de nomear as coisas à minha maneira, resolvi nos chamar de Geração de Transição. E se você está se perguntando “transição de quê?”, bom, de tudo. Transição de tudo.
Nós crescemos em um mundo analógico que se digitalizou rápido demais. Nos preparamos para um mundo que nunca chegou a existir, somos o curso essencial de datilografia que garantiria nosso futuro, mas que no fundo só serviu pra virar piada geracional. Não era como no tempo dos nossos pais: eles nasceram, cresceram e se tornaram adultos em um mundo muito parecido, que mudava, claro, mas de forma tão lenta e gradativa que não precisaram enfrentar grandes choques e questões. Não é o nosso caso: os anos 80 e 90 são um outro planeta, e sempre que alguém tenta me convencer do contrário, lembro da minha infância e a comparo com as infâncias que encontro hoje por aí, incluindo, claro, a dos meus filhos.
Mas estou digredindo, claro, como de costume.
O que eu queria dizer é que sinto que a vida como é hoje, honestamente, é uma fábrica de infelicidades. Porque fomos desconectados da própria vida para nos conectarmos a uma vida ilusória, porque banalizamos as relações humanas, porque desmaterializamos demais nossas experiências, porque desaprendemos a simplesmente… estar presente, essa ideia que alguns verão como uma mera platitude, e outros como o maior dos ensinamentos budistas.
Mas não é só isso não. Não.
Ainda tem essa tendência moderna de caminharmos em direção ao abismo, como lemingues, um abismo do qual, diga-se, sequer conseguimos vislumbrar o fim.
Qual será o próximo grande potencial humano a ser destruído em nome da Conveniência?
Encontraremos finalmente a droga definitiva que nos trará o tão almejado Paraíso e nos livrará de toda vontade e portanto dor e portanto medo e portanto tédio potencial?
Nossa existência coletiva segue cega em direção a sabe-se lá o quê. Tudo que sei é que só sei do que sinto, só sei que:
Eu entendo o Raduan Nassar.
Eu entendo a Ana Paula Arósio.
Eu entendo sobretudo e principalmente a Jout Jout.
Entendo todo mundo que, se pudesse, daria algum jeito de raduanassar também. Talvez algum dia eu consiga.
(E ei, baby, eu estou ciente de toda essa… incoerência. Me avise quando o mundo estiver fazendo algum sentido e eu talvez tente fazer algum sentido também. Até lá, seguimos escrevendo e publicando toda forma de… insensatez).
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Eu entendo e invejo rsrsrsr
Me identifiquei com o texto, e sim, às vezes eu queria fugir das redes sociais, mas isso não é nem uma possibilidade no momento. :/