A Flor do Labirinto

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A FLOR DO LABIRINTO

robertodenser.substack.com

A FLOR DO LABIRINTO

Roberto Denser
Feb 5
4
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Há quem se lembre de que um dia, em meados de 2020, dei para escrever crônicas. Estávamos então em meio à pandemia de Covid, e como fui um dos afastados da livraria onde trabalhava, decidi ocupar parte do tempo que me sobrava escrevendo diariamente textos num formato com o qual era pouco familiarizado. A arte da crônica, esse registro textual, revelou-se uma atividade tão divertida para mim quanto seria a descoberta de um novo hobby para alguém recentemente aposentado, e persisti nela dia a dia por alguns meses.

Acordava cedo todas as manhãs, passava um café e ia para o computador, onde escrevia duas páginas sobre o assunto do momento. Ali, falei sobre a pandemia e sobre a política nacional, também sobre ocorrências memoráveis da minha infância. Com o tempo, percebi que escrever todos os dias era fácil, desde que eu aceitasse o fato de que nem sempre escreveria algo digno de ser lembrado. Resignado, escrevi, sim, todos os dias, e aos poucos um grupo crescente de leitores passou a me acompanhar. Eles vinham, liam, comentavam, e às vezes até me escreviam dizendo que leram minhas crônicas para o marido ou a esposa. Lembro particularmente de algumas crônicas que fizeram sucesso entre esses leitores: Coronga, Bigodes, Saudades Absurdas, A República dos Ruminantes, dentre outras. Era um necessário estímulo.

Com o passar do tempo e as complicações advindas da pandemia, porém, tive que optar por priorizar qualquer coisa que ajudasse a manter as finanças sob controle, e um blog de crônicas, convenhamos, não costuma ser o mais rentável dos empreendimentos. Assim, fechei o Blog do Denser, abri um Medium, apenas para ter um lugar onde publicar textos longos e eventuais, e desisti das crônicas por tempo indeterminado.

Pois bem, pulemos para o dia de hoje.

Já faz algumas semanas que penso em voltar a escrever crônicas. Não sabia onde, já que não considerava o Medium o mais apropriado dos locais, e cheguei até a procurar uma coluna em algum jornal da cidade onde cresci. Já estava quase desistindo da ideia quando as companheiras Verena Cavalcante e a Talita Grass criaram suas newsletters aqui no Substack, uma plataforma até então desconhecida para mim, mas que percebi ser o tipo de plataforma que eu buscava: fácil de assinar, fácil de apoiar, fácil de difundir. Prática, portanto. Decidi, desde então, voltar às crônicas, agora aqui, e espero que dessa vez por mais tempo.

Tá, mas e a flor do labirinto?

Vamos a ela.

Eu precisava de um título que fizesse sentido, e embora meu primeiro impulso fosse batizar esse substack como Avenida da Maldade, percebi que se o fizesse estaria limitando a percepção sobre que tipo de material encontrariam aqui. Como não publicarei apenas insultos (ver Mencken), mas também memórias, confissões e considerações, optei por A flor do labirinto, um título que a meu ver abrange todas essas coisas. A imagem realmente me ocorreu, e se já o há na Literatura, não o sei nem procurei saber: é que uma das coisas que faz do labirinto um labirinto é o mais do mesmo de suas paredes, e que se em algum momento surge, se da parede mesma ou quiçá do chão, uma flor qualquer que seja, esta se destacará das demais vias: ei-la, a flor do labirinto é a crônica que nasce do banal, e embeleza o caminho por onde vamos perdidos.

Rio de janeiro, 05/02/2023

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